Próximos lançamentos
Cobalto na Imprensa
TODOS OS CACHORROS SÃO AZUIS
No caso de Souza Leão, os moinhos eram quaisquer pessoas que se aproximassem. Num processo de contínuo espelhamento, seu protagonista se projeta em vários entes externos, a quem odeia, e a quem quer eliminar. Consegue, como Quixote, fazer um amigo – ainda que imaginário: Rimbaud, um interno que vive com ele em uma clínica psiquiátrica, e que, como Sancho Pança, é seu inverso (no entanto, em mais um espelhismo, na cela em que se ambienta o livro Todos os cachorros são azuis Souza Leão é o gordo, e Rimbaud, o magro).
Ronaldo Bressane
POEMÓBILES
O relançamento de “Poemóbiles”, de Augusto de Campos e Julio Plaza, oferece uma feliz e inesperada oportunidade para que se revisite -ou conheça- uma das mais encantadoras experiências filiadas ao ambiente de vanguarda que sacudiu a poesia e a cultura brasileiras na segunda metade do século passado. O livro, uma espécie de caixa branca, reúne uma dúzia de poemas-objeto, que têm como base estruturas de papel cartonado que se abrem e fecham para projetar formas tridimensionais móveis, no formato “pop-up”.
Marcos Augusto Gonçalves
GILKA MACHADO, POESIA COMPLETA
“Gilka foi a primeira mulher nua da poesia brasileira”, escreveu Carlos Drummond de Andrade, na sua coluna do dia 18 de dezembro de 1980, no “Jornal do Brasil”, dedicada à memória da poeta, que havia morrido naquela semana. “As mulheres que gozam hoje de plena liberdade literária para cantar as expansões do instinto e as propriedades eróticas do corpo deviam ser gratas a essa antecessora, viúva pobre que ganhava a vida com esforço e gostava de estar ‘toda nua, completamente exposta à volúpia do vento'”